Negociar sempre foi uma prática que mistura técnica e instinto. É tanto ciência quanto arte. Ciência quando há dados, estrutura, previsibilidade. Arte quando tudo escapa ao padrão e depende de contexto, improviso e leitura sutil do outro. Mas o que acontece quando quem ocupa o outro lado da mesa é uma inteligência artificial? Essa diferença tem impactos diretos em compras corporativas e gestão de fornecedores com uso de IA.

A substituição de tarefas humanas por algoritmos já é realidade em diversos setores. E na negociação, a IA não veio para substituir o humano, mas para aumentar sua capacidade de decisão. Os algoritmos não sentem, mas aprendem. Não improvisam, mas simulam cenários. E quando bem aplicados, conseguem expandir o campo de visão do negociador humano.

Nos últimos anos, surgiram plataformas de negociação com IA capazes de propor preços, avaliar riscos e tomar decisões comerciais com base em dados históricos, simulações preditivas e aprendizado de máquina. E eles funcionam. Mas, junto com a eficiência, trazem também uma mudança de lógica: de um jogo intuitivo para um jogo probabilístico.

E nesse novo tabuleiro, quem sabe usar as duas inteligências, humana e artificial, pode ter vantagem.


Ter previsibilidade é bom, mas precisa de contrapeso

Imagine uma empresa que usa IA para negociar automaticamente com seus fornecedores. O sistema avalia o histórico de preços, compara com benchmarks e sugere condições ou contrapropostas de forma automatizada. Parece eficiente. E é. Mas nesse processo, ele pode deixar escapar sinais subjetivos como a urgência de um fornecedor ou pressões externas não codificadas nos dados.

É por isso que o papel do humano não desaparece: ele se transforma. O negociador passa a atuar como curador das recomendações da IA. Um sistema pode sugerir um preço agressivo, mas cabe ao humano avaliar se aquele momento exige concessão estratégica. O improviso ainda importa, mas agora é informado por dados.

E sim, algoritmos podem ser manipulados quando operam de forma previsível. Mas sistemas mais avançados, como o Supply Brain Procurement, já incorporam regras personalizadas, parâmetros adaptativos e feedbacks recorrentes dos fornecedores. Isso reduz o risco de exploração por padrões conhecidos e aumenta a resiliência da negociação automatizada.


Colusão algorítmica e o papel da supervisão

Quando várias empresas usam sistemas automáticos para ajustar seus preços, esses sistemas podem acabar copiando os movimentos uns dos outros. Isso pode fazer com que os preços fiquem mais altos, mesmo sem um acordo entre as empresas. Esse efeito é chamado de colusão algorítmica.

Mas isso não quer dizer que a tecnologia esteja errada. Se for bem monitorado e com regras bem definidas, esse tipo de sistema pode ajustar os preços de forma justa e inteligente. A previsibilidade não é um problema em si, ela pode ser usada a favor da eficiência, desde que exista controle e revisão constantes.

Para deixar mais visível como essas lógicas se separam na prática, vale olhar o que muda quando colocamos lado a lado os estilos de negociação humana e automatizada:

 

Negociação humana vs Negociação autônoma

A intuição ainda tem valor com dados por perto

A imprevisibilidade humana é parte do jogo. Mas não é por errar que o humano se torna superior à máquina. O diferencial está em perceber o que ainda não está nos dados. Um fornecedor sob pressão pode ceder mais do que o esperado. Um comprador, por sua vez, pode aceitar condições menos vantajosas por conta de um relacionamento estratégico. Nenhum desses sinais é invisível para sempre. Quando ocorrem com frequência, podem ser reconhecidos e incorporados aos padrões da IA.

Errar por intuição pode gerar soluções criativas. Mas a IA pode simular 50 caminhos antes que o humano teste um. O segredo está em deixar que a IA expanda o campo de possibilidades, e que o humano escolha o critério.

IA na mesa de negociação: de assistente a parceiro estratégico

Negociações recorrentes com decisões baseadas puramente em dados objetivos, como volume, preço ou prazo, são terreno ideal para a automação. É nesse tipo de situação que a IA se destaca por sua escala, consistência e agilidade. Processos como ajustes de preço e leilões reversos já são amplamente operados por algoritmos.

Mas quando entra o fator relacional, estratégico ou reputacional, o humano reassume o protagonismo. A IA vira copiloto. Não decide sozinha, mas recomenda. Sugere caminhos, aponta riscos, simula opções. Cabe ao negociador decidir.

Esse modelo já é realidade em diversas plataformas modernas de negociação, onde o fornecedor define preferências, personaliza parâmetros e participa ativamente da negociação assistida por IA. O sistema amplia as possibilidades, mas quem escolhe o rumo ainda é humano.


Unova competência: negociar com inteligências (humanas e artificiais)

Se você soubesse que está negociando com um algoritmo, mudaria sua forma de negociar?

Essa pergunta mostra o que sempre definiu um bom negociador: entender com quem se está negociando. Pode ser uma pessoa, pode ser um sistema. E cada situação exige uma abordagem diferente.

Em negociações mais simples e repetitivas, a IA pode assumir o processo do começo ao fim, com mais rapidez e precisão.

Mas quando a decisão envolve risco, sensibilidade ou impacto estratégico, a IA funciona como apoio. Ela ajuda o negociador humano a tomar decisões melhores, apontando riscos, simulando cenários e oferecendo sugestões. Nessas situações, ela não substitui. Ela amplia nossa capacidade.

Negociadores do futuro precisam ir além da técnica. Devem ler o contexto, interpretar sinais, identificar padrões e saber quando seguir uma sugestão da IA ou quando ir por outro caminho.

Porque, no fim, o diferencial não está em ter mais dados. Está em saber o que eles ainda não mostram.


Se você já percebe que negociar com IA não é sobre perder controle, mas sobre ganhar clareza e escala, talvez seja hora de dar o próximo passo.

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Roma

Roma

Product Content Creator na Supply Brain.

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